quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Felicidade, felicidade, abra as asas sobre nós!

Abuso de uma paráfrase de Dudu Nobre para intitular mais que essa crônica, e sim, a visão que tenho da minha geração. Uma vez li em um texto que a minha geração só será adulta aos 30 e concordei sorrindo e balançando a cabeça, aliviada: Ufa, então não sou só eu que não me sinto adulta.

Logo depois veio Neil Gaiman me dizendo que ninguém é adulto de verdade. Juntei esses dois “dados” e comecei a matutar que a maioria das pessoas que conheço por volta dos 20 e poucos anos está no mesmo barco que eu: O da adolescência.

E não digo que é imaturidade não. A gente tá se formando na faculdade, trabalha, pensa num mundo melhor. Mas ainda não viramos adultos. Veja a geração de nossos pais: Aos 20 anos eram todos casados ou a beira de. Trabalhavam em grandes empresas e tinham filhos no colo. Hoje, a maioria esmagadora dos meus amigos vive na casa dos pais e usa o salário pra pagar livros e netflix. E isso não é uma crítica, é apenas uma constatação. Os tempos mudam. E isso não é necessariamente ruim.

Minha humilde conclusão: Há quem diga que nossa geração é recheada de cucas frescas. Não acho. Acho que a nossa geração é a que busca pela felicidade. Clama por ela, grita por ela. E isso traz tanta responsabilidade e dor de cabeça quanto a outra, que lutava para ser alguém na vida e ter uma grande carreira. No fim das contas, não é que não somos adultos. É que nossa maneira de ser é simplesmente diferente do que estamos acostumados a chamar de adultos.

A minha geração parece deveras mais existencialista que a geração de meus pais. Não os imagino passando noites em claro pensando na felicidade, nos valores de vida, na hipocrisia das pessoas, na nossa própria, e matutando essa vontade torturante de ser feliz. Parece que eles se preocupam mais com a vida objetiva, e a nossa é mais existencial. Repito: Nenhuma crítica a nenhum dos dois, apenas constatações puramente filosóficas.

Lembro que, quando eu estava no primeiro ano da faculdade, minha professora de “Arte, Estética e Comunicação” entrou na sala e disse que adorava lecionar para turmas de Jornalismo, porque todo mundo estava ali porque queria. Na sala de direito, metade levantava a mão dizendo que estavam ali por pressão dos pais.  “Pai nenhum em sã consciência põe pressão no filho pra ele fazer jornalismo! Eu fiz publicidade, mas o meu filho, ah, ele vai fazer direito”, disse ela, sorrindo e brincando, enquanto eu engolia em seco pensando que estava escolhendo por minha conta algo muito importante e poderia me ferrar só por querer ser feliz.

Hoje, recém formada e ensaiando a crise pós faculdade, percebo que eu fiz o que devia fazer. É o que me faz feliz, e se é o que me faz feliz, é o certo. Não me importa agora pensar em grandes carreiras, em muito dinheiro, em uma vida extremamente regrada e sólida. É óbvio que quero segurança na vida, mas penso na felicidade antes de pensar na segurança, e acho que esse é o ponto chave que difere as duas gerações.

E para quem continuar achando que felicidade é preocupação de gente que não tem mais preocupações, eu repito um diálogo que li uma vez em um blog que gosto muito. A mãe disse, ao ver o bebê recém nascido, que a única coisa que desejava para ele é que ele fosse feliz. E o pai, sabiamente, disse: Perceba que você está pedindo o mais difícil.

Ser alegre é fácil. Alegria depende de momento. Felicidade depende de toda a carga, de todo o contexto, de toda a inspiração que rege a vida. Felicidade não é supérfluo. É coisa séria. É a base da segurança. Se querem saber, acho que minha geração é privilegiada por focar em ser feliz. E repito, como em um mantra: Felicidade, felicidade, abra as asas sobre nós!

5 comentários:

  1. SIM, ANALU, SIM.

    Isso explica a minha escolha por coisa pobres que não me levam à canto nenhum, hahaha. Eu poderia ter sido engenheira, eu poderia até ter ido trabalhar na Globo, mas as minhas prioridades são outras. A minha prioridade é ser feliz, tendo tempo para aproveitar amigos e família, tendo qualidade de vida e isso, nenhum emprego estressante e com o qual eu não me identificasse poderia me proporcionar.

    Obrigada por resumir tudo tão bem na sua crônica, amora. <3

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  2. Banana, você já deve ter lido esse texto porque todo mundo já leu esse texto, mas ele procurava explicar porque a nossa geração era, na verdade, tão infeliz. E lá eles falam que os baby boomers, ou seja, nossos avós, cresceram num mundo assombrando pela Depressão e por duas guerras, e eles foram criados pra buscar, acima de tudo, estabilidade na vida, já que os pais viram o mundo se aproximar do caos e o melhor que eles podiam desejar pros filhos era uma vida calma e pacífica de funcionário público, que casa aos 20 porque é a coisa certa, tem filho porque é assim que tem que ser. E a gente foi criado pra ser feliz e especial e extraordinário. E isso é muito, muito, muito difícil. Porque a felicidade é subjetiva demais, porque apesar da ideia poética (com a qual compactuo, claro) de que todo mundo é especial de alguma forma, em termos práticos é impossível que todo mundo seja um floquinho de neve na vida, até porque se fôssemos todos extraordinários ninguém seria extraordinário, né? E aí a gente se frustra, porque ser feliz é difícil, dá trabalho e como diria o Woody Allen tem vezes que a felicidade parece não estar no destino do homem. É uma explicação mais pessimista, se formos analisar bem, porque basicamente diz que a gente vai ser frustrado porque é impossível ser feliz & especial, mas gosto da forma como você viu essa questão toda. Eu acho que é muito importante buscar ser feliz, e me orgulho muito de ter enfrentado todo mundo que dizia que eu não devia fazer Jornalismo, porque eu peitei todos os meus referenciais porque eu sabia que nada mais me faria feliz. E acho que mesmo se eu tivesse me frustrado na graduação, eu teria ficado mais feliz do que se estivesse fazendo, sei lá, Direito ou Medicina. Pelo menos eu tentei, e continuaria tentando. Dizem que a felicidade é o caminho, né?
    Ai, teorizei muito, hahaha, mas amei o post <3
    Amo você!! <3

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  3. Acho que nunca um post seu me deu tanto conforto quanto esse. Obrigada! Hahahaha ;)

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  4. Amei tanto o post que acho que vou colocar alguns trechos desta crônica no meu material didático 2014, para que sempre que for abri-lo, poder ler. Assim mostra que por mais que estamos vivendo sob circunstâncias de responsabilidade da vida, podemos ser acima de tudo, felizes.... bem felizes.

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  5. Que coisa linda de post, Ana!! E só o descobri agora, chateadíssima e feliz ao mesmo tempo. Vai pro mural junto com muitos corações <3

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