terça-feira, 1 de julho de 2014

Só acaba quando termina,

diz meu pai desde que me conheço por gente. Acho que a lembrança mais remota que tenho dessa frase é de uma vez em que estávamos no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, assistindo algum jogo da Liga Mundial de vôlei, e eu dizia, no meio do primeiro set, que o Brasil já tinha ganhado. Lá vinha meu pai, com uma voz lenta, arrastada e bem mais sensata que a minha, repetir: Caaaaaaalma. O jogo só acaba quando termina. No caso do futebol, sei que, ao comemorar antes da hora, ainda posso contar com um sonoro: Caaaaaalma. Só acaba quando o juiz apita.

Acho que a minha memória mais impactante em relação a essa fato foi nas Olimpíadas de 2012. Não sei se vocês lembram, mas estávamos perdendo o jogo de vôlei por 2 a 1. Era só as (russas?) fecharem mais um set e pronto, levavam o ouro para casa. Elas fizeram 24 pontos, minha gente. 24. Faltava UM mísero ponto, que era só fazer sacando muito bem ou deixando o Brasil mandar uma bola para fora. UM mísero ponto que elas nunca conseguiram fazer, porque viramos o jogo, ganhamos o set e os próximos dois. Acho que foi a melhor conquista de ouro que já assisti. Oso oso oso de virada é mais gostoso. Vamos combinar que prefiro não passar pelo desespero de ter que virar um jogo, mas que é mais comemorado, isso é. 

O jogo só acaba quando termina. Foi inevitável escutar a voz do meu pai na minha mente, lenta e arrastada, quando saí para almoçar desligando México e Holanda, a 15 minutos do jogo acabar, confiando minha alma no Ochoa e feliz da vida porque alguém ia tirar a Holanda antes que fôssemos obrigados a brincar disso. Óbvio que abri o twitter enquanto estávamos no carro, para poder acompanhar o finzinho da derrota holandesa e só sei que de repente eu falei: Gente, a Holanda empatou.

Faltavam CINCO minutos para o fim do jogo. CINCO. E antes mesmo de eu me preparar psicologicamente para uma prorrogação fui obrigada a descobrir que o México tinha cometido um pênalti e que o Ochoa não tinha conseguido pegar a bola. A essas alturas, eram DOIS os minutos restantes. DOIS minutos restantes e a Holanda me ganha o jogo sem nem me dar de presente uma prorrogaçãozinha para eu ter esperança. Só de lembrar meu coração se parte em cacos.

Se merricana eu fosse, até agora eu estaria sentada na frente da televisão em estado de choque absoluto. Se merricana eu fosse, nunca mais esqueceria que o jogo só acaba quando termina, e se alguém viesse me falar essa frase eu juro que lhe daria um soco na cara. Sendo eu brasileira e já tendo sofrido mais do que devia com a súbita derrota alheia, vou focar nessa palhaçada dessa frase e só vou relaxar quando o juiz fizer o favor de apitar nossa vitória, aos 45 do segundo tempo, sem prorrogação e pênaltis, porque para dois jogos seguidos eu JURO que não tenho estrutura. E tenho menos estrutura ainda para perder um jogo aos 47 do segundo tempo. Vocês se emendem.

É disso que o meu povo gosta

11 comentários:

  1. Primeiramente: adorei a forma como você iniciou o texto. Ficou parecendo coisa de título de matéria inteligente em revista cult. Precisava pontuar isso, hahaha.

    Agora, sigamos: não está dando para lidar com esses jogos. Sério. Os primeiros tempos de zero a zero, os gols no final dos jogos. Assim não dá, gente! Assim meu coração não aguenta, assim fica difícil de viver! Eu sei que tudo no Brasil tem que ter emoção, but I really could use uma vitória tranquila, pelo menos nos nossos jogos - especialmente na sexta-feira.

    Esse negócio de esperar pra sofrer/comemorar: não é comigo. Eu tanto sofro quanto fico feliz com antecedência, mas acredito que seja um milhão de vezes mais sábio aguardar o resultado. Mas quem consegue segurar esses nossos coraçõezinhos rebeldes? Temos que sofrer e comemorar o agora, o tempo todo. O depois é algo que só depois a gente consegue valorizar. (:

    Beijinhos!

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  2. Amiga, pelo bem de meu coração, meu fígado e todos meus órgãos internos, eu parei um pouco de acompanhar os jogos. Tava começando a passar mal de verdade, não conseguia dormir, tinha pesadelos e tudo! Hahahaha
    Mas te digo que a frase do teu pai é muito sábia, tão sábia que vou adotar pra esse fim de semestre na faculdade, no qual já estava cantando vitória e vendo minhas férias quando fiquei em recuperação em uma cadeira. O semestre só acaba quando todos os profes postam as notas. Hahahahaah
    Te amo! <3

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  3. Eu ainda to com essa de final de semestre... prova final e coisa e tal por isso só estou acompanhando os jogos do brasil mesmo mas o seu pai é muito sábio sem essa de sofrer por antecedência. " O semestre só acaba quando todos os profes postam as notas." boa!

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  4. Tantas emoções e reviravoltas nos últimos dias que também aprendi a não comemorar vitória nem chorar derrota antes da hora de uma vez por todas. Engraçado que, ao mesmo tempo que as meninas do vôlei ganharam numa virada deliciosa, os meninos perderam numa que pareceu um pesadelo. Lembro que meu pai saiu pra correr e eu tava bem feliz, empolgadona esperando nosso ouro, e quando ele voltou eu tava chorando desesperada porque eles tinham perdido. Se merricana eu fosse, incapaz eu seria de sair da cama por umas boas semanas.

    Esses meninos que não nos aprontem essas palhaçadas, que minha cota de taquicardia já se esgotou no sábado.

    Beijos <3
    (essa foto de David <3 <3 <3 )

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  5. Eu não acompanhei esse jogo direitinho porque estava no trabalho, mas DESACREDITEI quando o juiz marcou pênalti. Teve gente no Twitter dizendo que ele não queria ficar mais naquele solzão. E eu sou obrigada a acreditar.

    Dos 8 jogos, CINCO foram para a prorrogação. Quase chorei de dó da Suíça hoje. O pobre jogador agarrado na rede do gol sem conseguir entender o porquê do Messi existir e fazer aquela jogada quando ainda tinha prorrogação pela frente. Não quero nem pensar numa coisa dessas com meu Brasil. Que a gente bata Colômbia no tempo normal, por misericórdia.

    Saber que o jogo só acaba quando termina é lição pra vida. Das muitas que o futebol ensina pra gente :)

    Bexos <3

    P.S: Absolutamente amo essa foto.

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  6. Nossa, essa copa tá impossível mesmo. Olha que eu nem tenho saco nem vida pra acompanhar os jogos, mas até eu me espanto com esses resultados. Acho que vários jogos já provaram que seu pai estava certo nesse ponto, né? Haja coração pra viver até a final.

    Beijos!

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  7. Esse jogo do México foi uma das coisas mais tristes que já vivenciei no futebol, sabe? Inconcebível aqueles seres laranjas virarem faltando tão pouco tempo. Não mereceram e ponto final! Nem a Alemanha. Era pra ser da Argélia ontem.

    Revoltas à parte, meu pai repetiu a tal da frase "o jogo só acaba quando termina" o jogo inteiro do Mérrico. E ai, que frase filha da puta, viu. HAHAHA Tô com raiva dela, amiga. Meu coração não tá aguentando as injustiças e as imprevisões dentro de campo. QUE SACO! (E TO AMANDO MESMO ASSIM, VAI ENTENDER).

    Não sei o que esperar desse jogo de sexta, mas espero que o Brasil dê o seu máximo e não subestime a Colômbia. Vamo que vamo. E vocês, jogadores, se emendem! ahha

    beijos, nalu <3

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  8. Ah, amiga, Deus nos livre desse sofrimento dos mexicanos. Eu quase chorei, nem sei como consegui ficar sem chorar, na real. Foi muito, muito triste. Doeu. Ao mesmo tempo em que é incrível a força de vontade do time da Holanda em insistir até o final, o México mandou no jogo inteiro, o tempo todo. Foi tão injusto. E é como eu disse: os mexicanos sofrem com o imperialismo norte-americano, não superaram o fim do RBD e ainda são eliminados da Copa dessa forma?! NÃO-TENHO-ESTRUTURAS!!

    Esse negócio de Copa tem acabado comigo.

    Queria que todos nós pudéssemos ganhar a Copa, todos os anos, sempre. Sou muito comunista, acho, pra aceitar essas injustiças. HAHAHAH

    Te amo!

    Beijos

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  9. Eu estava tranquila e calma domingo terminando um projeto, enquanto o marido terminava o almoço e o Mérrico tirava a Holanda no sapato do Brasil, quando os filosdamãe, empatam e viram. Pelamooooooor! Que Copa é essa?

    Só vai acabar quando terminar e que fodam-se os bolões, estão tudo de pernas pro ar também!

    Beijo procê! Lindeza!

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  10. Meu pai diz a mesma coisa e isso é uma das coisas mais tristes do esporte. É tão ruim cantar a vitória e depois, tchum!, cadê a taça que tava aqui? Fiquei com dó meeeeesmo dos mexicanos, mas nem tanta. No jogo contra o Chi Chi Chi Le Le Le (tchau chile!) quase tive uma síncope com aquela bola na trave. Já pensou o jogo acabando com aquela bola entrando? Pode não.

    E assino embaixo: também não tenho estrutura para mais um pênalti.

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